terça-feira, 24 de abril de 2012

CALCE OS MEUS SAPATOS

"Calçar os sapatos dos outros". Quando li, achei interessante essa expressão. Mas enfim, o que se quer dizer com calçar os sapatos dos outros? Essa expressão define o fato de você se colocar no lugar dos outros, ser empático. Segundo o nosso querido Wikipedia, "o estado de empatia, ou de entendimento empático, consiste em perceber corretamente o marco de referência interno do outro com os significados e componentes emocionais que contém, como se fosse a outra pessoa, em outras palavras, colocar-se no lutar do outro, porém sem nunca perder essa condição de "como se". A empatia implica, por exemplo, sentir a dor ou o prazer do outro como ele o sente e perceber suas causas como ele a percebe, porém sem perder nunca de vista que se trata da dor ou do prazer do outro. Se esta condição de "como se" está presente, nos encontramos diante de um caso de identificação". Ou seja, nos identificamos naquele momento com a outra pessoa para compreendê-la. Nós vemos as coisas ou situação atráves da perspectiva do outro, mas não nos tornamos o outro. Temos apenas uma visão do que pode estar preocupando aquela pessoa, o que ela precisa, se há algum problema.

Mas tem uma coisa importante que devemos fazer antes de calçar os sapatos de outros. Devemos lembrar de tirar os nossos sapatos. Não adianta querer ser empático com o outro olhando as coisas a seu modo, a seu ver. Para sentir o outro, tire o seu sapato para calçar o dele. Precisamos entender os outros de verdade, com amor e compaixão.

A Bíblia traduz a empatia dizendo que devemos nos amar uns aos outros. Sim, se você ama ao próximo você se coloca no lugar dele para saber o que se passa e assim ajudá-lo. Não o critica, não joga pedras sem saber o porque daquela situação. Você o ama e quer ajudá-lo. Entender o outro é essencial para a convivência e para ajudar os outros. Jesus nos amou e tirou os seus sapatos para calçar os nossos. Ele largou o Seu Trono de Glória para vir aqui viver como a gente. Sofreu os mesmos sofrimentos que temos aqui. Passou por tudo, por todas as dores e também alegrias que nós vivemos. Ele veio sentir na pele o que Seus filhos estavam sentindo com a propagação do pecado. O mais importante é que além da empatia que nos mostrou, Ele ainda nos deixou como exemplo uma vida pura e santa: "... porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado" Hb 4:15.

Então, o que está faltando para vivermos bem com o nosso próximo? O que falta para olharmos para ele e entender-lhe. Tem medo de calçar um sapato apertado demais e causar calos? Está na hora de seguirmos o exemplo do Cristo e quando necessário nos colocarmos no lugar do outro, sentir COMO SE fosse o outro.


quarta-feira, 4 de abril de 2012

A ARTE DE CUIDAR

Este discurso que transcrevo aqui foi feito por Severn Suzuki, uma garota canadense que aos 9 anos criou o grupo ECO - Organização das Crianças em Defesa do Meio Ambiente -  que com uma responsabilidade de adulto tratava dos assuntos inerentes ao futuro do planeta. Ela discursou na ECO 92 - Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento - evento ocorrido no Brasil, Rio de Janeiro em 1992, onde ela foi ovacionada por todos os presentes, líderes de diversos países, e conseguiu emocionar todo o mundo com suas palavras. Na época ela tinha apenas 12 anos.

Infelizmente aquele discurso que nos mostrava um erro nas nossas atitudes e que todos se emocionaram, ficou apenas lá naquele passado. Muitos, hoje, ainda ouvem ou leem as palavras da pequena Suzuki. Acham bonito. Mas fica apenas na leitura. Apesar do efeito que causou, hoje nada mudou. Continuamos com os mesmos erros, continuamos destruindo nosso planeta; continuamos sendo mesquinhos e avarentos. Para quem não viu a Severn Suzuki, vale a pena ler, refletir e atuar sobre o que entendeu. Não permita que estas palavras sejam apenas palavras. Que seja uma forma de mudar para melhor.


Olá, sou Severn Suzuki.

Represento a ECO, a organização das crianças em defesa do meio ambiente. Somos um grupo de crianças canadenses, de 12 a 13 anos, tentando fazer a nossa parte, contribuir: Wanessa Suttie, Morgan Geisler, Michelle Quigg e eu. Todo o dinheiro que precisávamos para vir de tão longe, conseguimos por nós mesmos para dizer que voces adultos, têm que mudar o seu modo de agir.
 
Ao vir aqui hoje, não preciso disfarçar meu objetivo. Estou lutando por meu futuro. Não ter garantia quanto ao meu futuro, não é o mesmo que perder uma eleição ou alguns pontos na bolsa de valores.

Estou aqui para falar em nome das gerações que estão por vir. Estou aqui para defender as crianças com fome, cujos apelos não são ouvidos. Estou aqui para falar em nome dos incontáveis animais morrendo em todo o planeta, porque já não têm mais para onde ir. Não podemos mais permanecer ignorados!

Hoje tenho medo de tomar sol por causa dos buracos na camada de ozônio. Tenho medo de respirar esse ar porque não sei que substâncias químicas o estão contaminando. Eu costumava pescar em Vancouver com meu pai, até o dia em que pescamos um peixe com câncer. Temos conhecimento de que animais e plantas estão sendo destruídos a cada dia e, em vias de extinção.
 
Durante toda minha vida, eu sonhei ver grandes manadas de animais selvagens, selvas, florestas tropicais repletas de pássaros e borboletas, mas, agora eu me pergunto se meus filhos vão poder ver tudo isso. Voces se preocupavam com essas coisas quando tinham a minha idade? Todas essas coisas acontecem bem diante dos nossos olhos e, mesmo assim, continuamos agindo como se tivéssemos todo o tempo do mundo e todas as soluções.

Sou apenas uma criança e não tenho soluções, mas quero que saibam que voces também não têm.

Voces não sabem como reparar os buracos da camada de ozônio!
Voces não sabem como salvar os salmões das águas poluídas!
Voces não podem ressuscitar os animais extintos!
Voces não podem recuperar as florestas que um dia existiram, onde hoje é deserto.
Se voces não podem recuperar nada disso, então por favor: parem de destruir!

Aqui, voces são os representantes de seus governos, homens de negócios, administradores, jornalistas ou políticos. Mas na verdade, são mães e pais, irmãos e irmãs, tias e tios, e todos também são filhos.

Sou apenas uma criança, mas sei que todos nós pertencemos a uma sólida família de 5 (cinco) bilhões de pessoas e ao todo somos 30 (trinta) milhões de espécies, compartilhando o mesmo ar, a mesma água e o mesmo solo. Nenhum governo, nenhuma fronteira poderá mudar esta realidade!!!

Sou apenas uma criança, mas sei que esse problema atinge a todos nós e deveríamos agir como se fossemos um único mundo, rumo a um único objetivo. Apesar da minha raiva, não estou cega. Apesar do meu medo, não sinto medo de dizer ao mundo como me sinto.
 
No meu país, geramos tanto desperdício, … compramos e jogamos fora,… compramos e jogamos fora,… e os países do Norte não compartilham com os que precisam. Mesmo quando temos mais do que o suficiente!!! Temos medo de perder nossas riquezas, medo de compartilhá-las. No Canadá temos uma vida privilegiada com fartura de alimentos, água e moradia. Temos relógios, bicicletas, computadores e aparelhos de TV.

Há dois dias aqui no Brasil ficamos chocados! Quando estivemos com crianças que moram nas ruas,.. ouçam o que uma delas nos contou: “Eu gostaria de ser rica e se fosse, daria a todas as crianças de rua, alimentos, roupas, remédios, moradia, amor e carinho.” E se uma criança de rua que não tem nada, ainda deseja compartilhar, porque nós que temos tudo somos ainda tão mesquinhos???

Não posso deixar de pensar que essas crianças têm a minha idade e que o lugar onde nascemos, faz uma grande diferença.
Eu poderia ser uma daquelas crianças que vivem nas favelas do Rio (Rio de Janeiro –BR). Eu poderia ser uma criança faminta da Somália. Uma vítima da Guerra do Oriente Médio ou uma mendiga da Índia.

Sou apenas uma criança, mas ainda assim sei que se todo o dinheiro gasto nas guerras fosse utilizado para acabar com a pobreza, para achar soluções para os problemas ambientais,… que lugar maravilhoso a Terra seria!!!

Na escola desde o jardim da infância, voces nos ensinaram a: sermos bem comportados; a não brigar com os outros; a resolver as coisas bem; a respeitar os outros; arrumar nossas bagunças; não maltratar outras criaturas; dividir e não ser mesquinho. Então porque voces fazem justamente o que nos ensinaram a NÃO FAZER???

Não esqueçam o motivo de estarem assistindo a estas conferências. E para quem voces estão fazendo isso. Vejam-nos como seus próprios filhos. Voces estão decidindo em que tipo de mundo nós iremos crescer. Os pais devem ser capazes de confortar seus filhos dizendo-lhes: “Tudo ficará bem”… “Estamos fazendo o melhor que podemos”… Mas não acredito que possam nos dizer isso. Estamos sequer na sua lista de prioridades?

Meu pai sempre diz: “Você é aquilo que faz, não aquilo que você diz”. Bem, o que voces fazem, nos fazem chorar a noite. Voces adultos, nos dizem que voces nos amam. 

Eu desafio voces!
Por favor: façam as suas ações refletirem as suas palavras!

Obrigada.”



Retirado do Blog "A Arte de Cuidar" http://aartedecuidarr.blogspot.com.br

Para assistir, segue link para o vídeo http://www.youtube.com/watch?v=SlZi6iffOGc